terça-feira, agosto 29, 2006

O movimento

Degas, pintor e escultor impressionista, tinha como fonte de inspiração o ato de mover. Suas estátuas de bailarinas e de cavalos de fato impressionam pois buscam a compreensão do movimento e a sua análise e representação a partir de um objeto estático.

De fato não é fácil tornar uma estátua a imagem de um movimento. No entanto é possível visualizá-lo se há um objeto em equilíbrio. O movimento, na natureza, exige equilíbrio e harmonia, além de ritmo. Pois é assim que é a nossa galáxia.

A regra é o movimento. E estamos nos movimentando rapidamente em direção ao centro da galáxia. Além disso, somos atraídos também em direção ao Sol. A Lua também exerce atração de campo gravitacional influenciando nossas marés. O movimento é contínuo.

Nós aqui também nos mexemos. De fato, vivemos para isso e quando não o fazemos, somos considerados sedentários ou desocupados. E a obra de arte da vida chamada amor, exige o contínuo movimentar de corpos e almas para que, ao sair de um lugar e ir para outro, possamos deixar por aí parte de nós mesmos. E mais ainda, deixar parte dos lugares por onde passamos em nós.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Aforismos afora

O que verdadeiramente nos atrai não é a satisfação de nossas vontades, e sim a criação de novos desejos.

domingo, agosto 20, 2006

A viagem no tempo dos amantes

Palavras quando soltas
têm mais significados
do que só o que foi dito
se também os gestos
são somados.

Gestos quando puros
causam ainda mais bem
do que o salvar de apuros
quando convém.

Palavras e gestos
quando contraditórios
acabam em desafetos
anti-horários.

O verdadeiro amor bem gesticula
e palavreia.
E deixa o sangue mais rápido na veia.

O amor é verso e ato, fogo e vento
e gravidade, atração primeira.
É um estar tão junto de pular o tempo.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Pelas espirais

A coluna vertebral do feto cresce em uma espiral, contínua em todas as formas de vida. Somos condenados ao eterno girar do planeta em torno do Sol e de nosso Sol em torno do buraco negro do centro da via-láctea. É de se esperar que a gravidade interfira no equilíbrio e na manutenção de todo o universo.

Giramos. E a política do giro de nossa galáxia traz para toda a natureza a aptidão de girar. O compasso do espírito une-se ao corpo no bailar dos dançarinos do gelo. O balé tem como um dos movimentos mais difíceis o giro da bailarina na ponta dos pés, controlado e equilibrado, com diferentes velocidades de acordo com a abertura dos braços.

Da mesma forma o lutador de capoeira é capaz de girar rapidamente e esquivar-se de seu adversário utilizando a vantagem do giro do corpo como forma de surpreender pela velocidade.

O movimento universal do giro de tudo aparece quando a água desce pelo ralo. No hemisfério norte, a espiral gira para o lado inverso do hemisfério sul graças à atração da gravidade. Não apenas da gravidade do centro do planeta, mas também da gravidade do centro da galáxia.

A relatividade das duas estruturas pode ser melhor compreendida à medida em que estudamos o fenômeno do acompanhamento do buraco negro no centro de nossa galáxia. Nas últimas observações, percebeu-se que o buraco negro movimenta-se muito mais rápido do que imaginávamos. Da mesma forma, a nossa galáxia se movimenta e a relatividade do movimento de nosso planeta dentro dela segue as mesmas regras em nossa galáxia.

Se a espiral da Via Láctea é o molde de nosso universo possível, temos que a vida, disposta por esse equilíbrio harmônico e pela atração central de um objeto maior de grande força, nada mais é do que fruto dessa regra inicial da constituição de nosso canto do Universo. Da mesma forma, o equilíbrio da mesma estrutura do formato de nossa galáxia está presente em toda a natureza, influenciando as formas de vida e as estruturas de gravidade que permitem a vida.

Temos que os átomos atraem-se mutuamente de acordo com as reações químicas possíveis. A manutenção de dois átomos unidos dá-se de acordo com a energia de coesão presente nos elétrons, que promovem a união harmônica da matéria na promoção de diferentes substâncias com as mais diversas propriedades.

A vida não poderia existir não fosse a coesão única e de forma harmônica com o universo presente nos seres de nosso planeta. A natureza busca o equilíbrio, e o faz das formas mais radicais e com as experiências mais fantásticas. No entanto percebe-se que há uma coisa comum em toda a natureza, uma experiência única e primordial: a força de atração das massas pela gravidade e pelo magnetismo.

O mesmo magnetismo que permite ao nosso veículo espacial essa viagem ao centro da Via Láctea está aí representando por uma proporção de equilíbrio única e específica. Leonardo Da Vinci certa vez debruçou-se sobre um caramujo. A espiral dele era incrível, e reduzia a uma proporção única e específica. A mesma proporção presente na harmonia dos seres vivos e das construções.

Daí temos o número Φ (1,618 phi), em conjunto com o número Π (pi 3,14) na constituição do equilíbrio harmônico da natureza.

Temos, então, que analisar a vida humana nesse planeta. Dado que somos afeitos a experiências únicas de vida, religiosas e mercadológicas, nos mais diversos cantos do planeta, temos uma desunião que compromete o equilíbrio e a disponibilidade dos recursos.

Dado que conhecemos o equilíbrio proporcional da natureza, observável em todos os cantos em que olhamos, acredito que devamos buscar o equilíbrio social em nome de uma vida de paz. Para isso será necessário que cada ser humana entenda perfeitamente o seu papel nesta Terra e que saiba atuar nela para encontrarmos todos o melhor destino.

quinta-feira, agosto 03, 2006

A atração dos corpos

O amor, diria Blaise Pascal, tem razões que a razões desconhece. Na verdade ele utiliza a palavra coraçao substituindo o sentimento por um órgão que nada tem a ver com as emoções. Apesar dos batimentos cardíacos aumentarem na presença de alguém atraente, as reações químicas da atração acontecem mesmo é no cérebro.

Do pouco que se sabe sobre o sistema de satisfação da mente humana pode-se tirar o seguinte: somos movidos ao que nos atrai. Por vezes pode ser determinado tipo de alimento. Ora uma linda mulher. Às vezes somos atraídos e ficamos motivados por um determinado desafio excitante. Difícil dizer o que faz algumas pessoas gostarem de pular de pára-quedas e outras de comer muito chocolate.

Não por acaso os cachorros são adestrados utilizando esse sistema de satisfações. É uma forma de gravar determinadas atitudes associando-as à realização dos desejos.

O paradigma da realização dos desejos é algo intensamente explorado na literatura mundial. Desde o gênio da lâmpada até as fadas, sempre haverá personagens dispostos a realizar sonhos de forma mágica. Na vida, no entanto, a mágica é a experiência de viver.

Quem consegue ver a mágica por trás de todas as formas do universo, detém uma satisfação contínua e uma serenidade que melhora a qualidade de vida.

Sentir-se atraído é, no final, o que realmente nos motiva a trilhar os caminhos que a vida permite. Normalmente escolhemos o que mais nos atrai, ainda que não seja esse o caminho da rápida felicidade. Resta saber se as vias por nós escolhidas trarão a arte divina para dentro de nossos corações, ou se no final iremos acabar destruindo a nós mesmos.

Sim, porque atração pode ser a regra principal do universo, seja de um homem por um amor, seja de um planeta por uma estrela. Mas se a atração é uma regra, o oposto também deve ser. Da mesma forma que não somos jogados em direção ao Sol por orbitarmos em volta do astro-rei, há também as regras de repulsão, que equilibram e separam as coisas do mundo.

Da mesma forma há sempre aqueles dispostos a matar o próximo. É como se todas as doenças e fatalidades naturais não fossem suficientes: a natureza sabe criar os predadores de cada raça para equilibrar o ecossistema. Parece que, da mesma forma, o homem tem o impulso de matar a si mesmos mais aguçado de tempos em tempos. Dado que hoje somos o topo da cadeia alimentar, de fato só restaria que a natureza prepasse uma armadilha para nos matássemos: a tragédia humana de ocupação do planeta não interessa ao planeta como um todo.

Por isso há os românticos e os bélicos, ambos dispostos a defender as suas causas e a agir de forma diferente no mundo. Há um equilíbrio nisso? Não sei. Por mim só haveria o amor como regra e lei, a luz como energia que dá a vida e a vida que é a busca da satisfação nos mais diversos campos.

No entanto a satisfação até mesmo dos meus desejos não poderia ser mágica demais a ponto de que a paz no mundo fosse estabelecida a partir de agora só porque eu quero.

Antes fosse assim. Aí todos que querem a paz ficariam satisfeitos.