sexta-feira, maio 18, 2007

A sinfonia dos órgãos

O amor atrai, antes, quando e agora
e toda hora quero estar atento
ao que me vai aqui dentro do peito
a bater-se tanto sem demora.
Pois a alma essa vai na mente
que tudo concentra e aquiesce
e que sempre pensa e que nunca esquece
nas coisas todas que ocorrem no tempo.
Já temos fígado lá por reserva
que preserva, serve, e bem conserva
o corpo são e livre dos venenos
no mal que usamos quando a nós fazemos.
E há os rins, órgãos passionais,
separam a água pura dos seus sais,
tornam-nos puros para o que fascina
e acelera o corpo a adrenalina.
Mas as paixões, essas pertencem ao estômago
onde há o espaço às borboletas
que nos faz viver um sonho estúpido:
o de amar no outro os próprios gametas.
O que há no peito, veja que mistério:
o coração que se comprime e expande
conforme tristes, felizes ou sérios
por qualquer lado, enquanto se ande.

segunda-feira, maio 07, 2007

Ímã

Atraem-se pelos pólos opostos, separam-se pelos iguais. Magnetismo magnífico, ora que comprovado aos pares dos cromossomos, complementando-se numa dança cósmica. A vida é mesmo farta de exemplos incomuns do que chamamos amor. O amor final, esse que nos dá a vida, podemos dizer que é o que faz as células manterem-se unidas em uníssono. Quando cessa, as células separam-se, como se os pólos, antes opostos, ficassem iguais, proporcionando a separação final das células. Resta apenas o tempo e a vida é eterna, dado que átomos que aqui desagregam da morte levam ali a outras vidas.

Os egípcios tinham por costume preservar o corpo dos maiores nobres de seu Império. Para isso utilizavam sal e azeite, dois temperos opostos e complementares que muito bem atraem-se ao paladar. Pois que tal mistura tem uma certa alquimia que permitiu observar corpos em estado quase perfeito de conservação. Tudo isso para celebrar a vida material e talvez permitir a reocupação dos corpos. Impossível. O corpo não se ocupa novamente, e sim preocupa-se com a sua vida para deixá-la a mais saudável possível, permitindo uma harmonia de atrações das células que satisfaçam os seus anseios de felicidade.

Fato é que nada há que não possa ser feito, exceto o que a mente não quer. E há de se escolher bem, pois dentro das opções possíveis há poucas que valem a pena se valer alguma moral. Mais vale escolher bem o seu destino. O normal para a natureza é a vida e a morte. Para ela não há bem ou mal, apenas admite igual o que nasce, o que cresce e o que morre naturalmente. Cabe a nós escolhermos o pólo oposto do natural, que seria a morte. E não escolher o caminho da morte significa escolher a vida e as suas alegrias plenas, ainda que a nossa experiência seja limitada ao nosso espaço-tempo.

Os astronautas que já estiveram em missões espaciais em que puderam ver a Terra de longe ficaram fascinados com o nosso lar. Frágil, com uma atmosfera que qualquer vento solar mais forte poderia arrastar facilmente para longe. O Sol até hoje não expeliu nada que nos exterminasse, mas quando quiser pode causar estragos incríveis à vida que aqui temos. Ao constatar isso, de fato não faz o menor sentido disputar territórios ou colocar que esse ou aquele caminho é o melhor. A Terra é, na verdade, um terço do planeta em que vivemos, dado que somos terrestres e a maior parte de nosso planeta é feita de água. Há mais de seis bilhões de almas nesse planeta e não se distingue seres animados e inanimados quando se olha a Terra da Lua.

O amor, esse mecanismo de pólos opostos, é o que deve existir entre a vida e a morte. Em português, por sorte, encontra-se a palavra amor entre as palavras vida e morte e não é totalmente por acaso. A composição da vida é também frágil, mas ainda há muita abundância de recursos para o planeta. Mesmo assim teremos mais água com o degelo contínuo do pólo norte. A natureza tornará ainda mais fácil a criação de florestas onde hoje há grandes cidades. Isso porque é a vontade das águas do planeta, que congelam ou derretem em locais diferentes ao longo da História. A adaptação é nossa e cada um está equipado com o seu corpo para adaptar-se até o infinito de possibilidades.

A palavra-chave do ímã é o amor, esse instrumento eterno de união das coisas que as tornam vivas. Algumas são dotadas de consciência, mas as que não são fazem parte do todo que a todos nós nos cobre e nos vela, sem revelar-se com facilidade. O seu desvelo daria no fim das coisas pois que nós mesmos não somos nada, ainda que possamos muito.