Para poder soltar todo o ar Da imaginação que a minha lira Insiste em acumular. Não é que o poeta delira, é que ele insiste em encontrar referências que não estão na sua mira, sereias que não vivem no mar.
Só há um dilema que deve causar ira:
não haver tempo, nem lugar
para que o pensamento transfira
às mãos a vontade de criar.
A cada verso e a cada livro que se tira
Há cem outros que se deve apagar
Tornando a inspiração uma safira,
Um diamante lapidado sem par.
Encontrar poesia que muito se admira
Sempre que se lê, sem o momento importar
é a causa verdadeira de existir a
Arte como uma vida ímpar.