quinta-feira, agosto 03, 2006

A atração dos corpos

O amor, diria Blaise Pascal, tem razões que a razões desconhece. Na verdade ele utiliza a palavra coraçao substituindo o sentimento por um órgão que nada tem a ver com as emoções. Apesar dos batimentos cardíacos aumentarem na presença de alguém atraente, as reações químicas da atração acontecem mesmo é no cérebro.

Do pouco que se sabe sobre o sistema de satisfação da mente humana pode-se tirar o seguinte: somos movidos ao que nos atrai. Por vezes pode ser determinado tipo de alimento. Ora uma linda mulher. Às vezes somos atraídos e ficamos motivados por um determinado desafio excitante. Difícil dizer o que faz algumas pessoas gostarem de pular de pára-quedas e outras de comer muito chocolate.

Não por acaso os cachorros são adestrados utilizando esse sistema de satisfações. É uma forma de gravar determinadas atitudes associando-as à realização dos desejos.

O paradigma da realização dos desejos é algo intensamente explorado na literatura mundial. Desde o gênio da lâmpada até as fadas, sempre haverá personagens dispostos a realizar sonhos de forma mágica. Na vida, no entanto, a mágica é a experiência de viver.

Quem consegue ver a mágica por trás de todas as formas do universo, detém uma satisfação contínua e uma serenidade que melhora a qualidade de vida.

Sentir-se atraído é, no final, o que realmente nos motiva a trilhar os caminhos que a vida permite. Normalmente escolhemos o que mais nos atrai, ainda que não seja esse o caminho da rápida felicidade. Resta saber se as vias por nós escolhidas trarão a arte divina para dentro de nossos corações, ou se no final iremos acabar destruindo a nós mesmos.

Sim, porque atração pode ser a regra principal do universo, seja de um homem por um amor, seja de um planeta por uma estrela. Mas se a atração é uma regra, o oposto também deve ser. Da mesma forma que não somos jogados em direção ao Sol por orbitarmos em volta do astro-rei, há também as regras de repulsão, que equilibram e separam as coisas do mundo.

Da mesma forma há sempre aqueles dispostos a matar o próximo. É como se todas as doenças e fatalidades naturais não fossem suficientes: a natureza sabe criar os predadores de cada raça para equilibrar o ecossistema. Parece que, da mesma forma, o homem tem o impulso de matar a si mesmos mais aguçado de tempos em tempos. Dado que hoje somos o topo da cadeia alimentar, de fato só restaria que a natureza prepasse uma armadilha para nos matássemos: a tragédia humana de ocupação do planeta não interessa ao planeta como um todo.

Por isso há os românticos e os bélicos, ambos dispostos a defender as suas causas e a agir de forma diferente no mundo. Há um equilíbrio nisso? Não sei. Por mim só haveria o amor como regra e lei, a luz como energia que dá a vida e a vida que é a busca da satisfação nos mais diversos campos.

No entanto a satisfação até mesmo dos meus desejos não poderia ser mágica demais a ponto de que a paz no mundo fosse estabelecida a partir de agora só porque eu quero.

Antes fosse assim. Aí todos que querem a paz ficariam satisfeitos.

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