quinta-feira, agosto 30, 2007

Neosentido

Inviajei outro dia
e dentro de mim passei
para ver-me a belavia
que de virtudes pavimentei
um ou outro malevício
daqui e dali desinventei
e ventarei aos quatro cantos
o quão bom é o medifício
construído com planostantos
todos eles Obradorrei

domingo, agosto 05, 2007

Os esquemas de coisas e as revelações

Isaac Newton, grande matemático, teólogo e alquimista do Renascimento, revelou a Lei da Gravidade. Expôs numa série de fórmulas o seu pensamento, materializando um conhecimento prático de como funcionam as coisas na Terra. As construções da humanidade datam de muito antes de 3.000 aC; portanto o que Newton faz é mesmo re-velar. O conhecimento dessas leis já era fato muito anterior aos cálculos por ele feitos.

Velar é tornar oculto em um novo sistema o que já era conhecido. A lei da Ação já era conhecida na Índia há muitos milênios. Com registros nos Vedas e Sutras que têm mais de mil anos de idade, já se falava do que em sânscrito chamava-se kharma. Newton a descreve dentro do esquema da Física, contexto ao qual ele esteve inserido. No entanto esse esquema já era conhecido na literatura religiosa, tema sobre o qual o discreto Newton se debruçava. Em verdade, Newton escreveu mais sobre assuntos místicos do que sobre qualquer outra coisa. Dentre os seus achados estaria uma profecia de Daniel sobre o fim do mundo. Data que Newton considerava ser 2060.

"Foi porque subi no ombro de gigantes", ele disse. Alguns querem compreender essa frase como uma tentativa de Newton de subir a escada do reconhecimento a partir de suas pesquisas. No entanto o cientista inglês de que falamos era especialista em re-velar as coisas, isso é, trazê-las à tona sob um novo esquema de coisas com o objetivo de estabelecer uma visão.

Uma visão de mundo que transcende o par materialismo-idealismo. Há quem diga que há uma divisão antiga dos esquemas de pensar humano desde Platão e Aristóteles, passando por Karl Marx e Adam Smith até chegar a Einstein e Planck. No entanto tal divisão de fato não existe. O ser humano aqui está para compreender a natureza e transformá-la por adaptação. No entanto transformá-la não significa criá-la. O homem não pode e nem deve atrever-se a dizer que há um par de formas de pensar, porque o livre-arbítrio que nos foi dado permite-nos discernir apenas aos pares, e não de forma ímpar como bem quer a natureza.

Em se tratando de ler o que há na Bíblia ou na teoria do Big Bang, em tudo há a mesma essência, o mesmo espírito. É porque a mente humana racional não consegue conceber palavras em poesia e revela em fórmulas matemáticas e conceitos lógicos os seus mistérios. O que é um dia para Deus senão o tempo de nascer uma galáxia para um homem? O que é um ano humano para Deus senão uma fração infinitesimal de tempo? A criação dos conceitos segue um princípio. Ainda que melhorado com o passar dos séculos e com o acúmulo do conhecimento, no final teremos da mesma forma o Universo nascendo com a luz em oposição às trevas, com a formação de estrelas e planetas e, por último, com a formação da vida. A mesma ordem que aparece em Gênesis.

As revelações de ordem espiritual têm em sua essência a fórmula para manter gravados em corações e mentes os seus conceitos. Usam de uma linguagem simbólica e emocional que, por sua vez, criam em nossos pensamentos formas ideais de agir, de entender e de aplicar esses ensinamentos às nossas vidas. De fato as religiões têm prestado um grande favor aos homens há muitos anos. Impôs a todos nós uma moral necessária para a convivência. Tanto é que nos meios onde não se aplicam esses preceitos morais sobram a maldade e a falta de compaixão. Parecer ser necessário ao homem não apenas uma fé, mas uma retidão que lhe ponha de pé e não o faça cair em tentação na vida.

E é a partir desse conhecimento simbólico e da elevação espiritual a partir da retidão de espírito que, até agora, o ser humano tem se inspirado para revelar os esquemas de coisas, todos eles escondidos sob os mais diversos aspectos da natureza. É em estado de transe, de meditação absoluta, que as grandes criações aparecem. Não houve homem na História que não tivesse feito suas grandes obras em momentos de tempestades mentais, de idéias tão complexas e bem encadeadas que mais pareciam obra de outra pessoa, e não do próprio dono de sua mente. Isso ocorre porque nessa profundidade de consciência o homem experimenta o desapego às coisas. Sente-se único com o universo todo, parte dele, mas capaz de sentir tudo o que há a seu redor.

Tal nível de consciência não é de fácil explicação. É como se o ar, a água que há no corpo, o fogo do circular do coração, a terra em que pisamos e a energia da respiração fosse tudo um grande fluxo. Retiramos algo da natureza para devolver-lhe em troca o que pegamos. No caso a respiração mesmo, algo simples do dia-à-dia, se analisada nesse Estado levaria-nos a um choque sobre os esquemas de coisas.

Hermes Trismegisto escreveu que todas as coisas são e provêm de Um, sendo que é pela mediação do Um, todas as coisas são nascidas dessa única coisa. Podemos entender a coisa como o átomo de Hidrogênio, talvez, com um próton, um nêutron e um elétron, três elementos complementares que permitem ao mesmo tempo um equilíbrio e uma instabilidade. Ora, imaginemos dois átomos desses por aí que se chocam e formam um átomo de gás Hélio. E aí imaginemos outros átomos de hidrogênio chegando e chocando-se, gerando sempre mais energia e novos átomos, incluindo aí carbono, oxigênio, nitrogênio e mais hidrogênio.

Desses quatro elementos é que somos feitos. Não por acaso respiramos o oxigênio e liberamos o gás carbônico. Esse último uma molécula feita de oxigênio e de carbono que, por sua vez, é o átomo que compõe a nossa parte material, sólida. Pois bem, liberamos esse átomo no ar, na forma de gás invisível, para a atmosfera. Sem imaginar que esse mesmo átomo irá fazer parte de uma planta. Digamos, de uma macieira. Essa macieira produzirá maçãs, todas elas feitas com o mesmo átomo de carbono que pode ter saído um dia do seu pulmão. Realizar isso é perceber o quanto estamos ligados a todas as coisas do mundo de forma científica, quase biológica. No entanto é isso o que Buda queria dizer com o estado de desapego, de grande compaixão por toda a natureza. É o que os gregos chamavam de agape, o amor incondicional por todas as coisas do mundo.

Falamos das revelações e dos esquemas; há muitos. Alguns que hoje a mente humana ainda não consegue conceber talvez precisem de mais revelações espirituais que inspirem a novas conquistas científicas. Somos todos limitados apenas por nossos pensamentos. Portanto pensamentos elevados é do que precisamos para resolver a nossa situação nesse planeta. Essas revelações espirituais não precisam vir necessariamente de um grande líder religioso, especial, que venha ao planeta. Pessoas especiais há por toda parte. Pode ser qualquer um. Um líder político que dê um exemplo. Um poeta que escreva algo que inspire a humanidade. Tudo pode ser a fonte de um novo esquema de coisas que ajude a melhorar a nós mesmos. Esse deve ser o nosso objetivo.

Hoje enfrentamos problemas como o aquecimento global, a necessidade de petróleo como fonte de energia, as nações medindo respeito pelo número ogivas nucleares, pessoas famintas e vírus insidiosos atacando o nosso sangue . O que será que estamos fazendo de errado para montar um esquema de coisas tão irracional quanto esse que montamos?

Deram-nos o livre-arbítrio para dele fazermos isso?

Está mais do que na hora dos homens e mulheres do planeta perceberem que são livres. Livres o suficiente para mudar as coisas. Livres até mesmo para retirar o poder de discurso de quem pratica más ações para a humanidade. Há muitos por aí que confabulam, conspiram, decretam o mal e estabelecem o vício. No entanto para todos eles há amor suficiente que quebre essa cadeia de aço. Li uma vez que é mais fácil quebrar uma cadeia de aço que uma cadeia de flores. Cabe a cada um de nós rachar as correntes que não nos deixa bater o coração e livrarmo-nos de todo o mal com o grande poder do livre-arbítrio que nos foi dado.

No sétimo dia, disseram, Deus descansou. Pois deu a todos nós poderes para transformar-nos a nós mesmos e ao nosso mundo. Deu-nos a chance de fazer melhor. Não nos esqueçamos do sétimo dia.