Calei-me. A voz subitamente faltou e utilizá-la não faria sentido senão fosse para resolver todos os problemas. E quando acabassem os meus, resolveria os do mundo, pois que não deveria haver outra razão de viver que não a de resolver conflitos.
Posto isso, confabulei e conspirei para resolver situações que antes não tivesse resolvido. Gerei novos conflitos por querer destrinchar trincheiras de guerras imortais. Há seres dotados de amor e seres dotados de desamor, que confundem isso com desapego às pessoas -- ainda que traduzido em apego aos objetos materiais.
Os dotados de amor, ainda que desprovidos de inteligência, são bons e ingênuos. Os que possuem em si amor e inteligência são bons e dotados de imensa capacidade de mudar a si mesmo, ainda que não sejam capazes de inspirar os outros. Já os que somam essas duas virtudes à vontade, esses são imbatíveis: progridem rapidamente rumo à construção de seus destinos.
Ousei. E por ousar é que me vi indo mais longe do que podia. É necessário saber ousar antes da ousadia. No entanto a vantagem de ousar é que não tem mais volta. É o traçado com o carbono do grafite sem a borracha que o remova. São esses traços espontâneos que ficam imortalizados em meu coração e nas mentes alhures.
O que eu quero, enfim, é ser feliz. Ter a liberdade de saborear a vida com os seus diferentes aromas e texturas. Há nas coisas todas o intangível e o tangível e nós somos também feitos dessa harmonia química. Se há algo mais ousado do que a capacidade de conhecer a nós mesmos, ousemos. Essa tarefa obrigatória antes de precipitar-nos na ousadia é mais árdua do que o lapidar de diamantes: é a quebra de lascas de duras pedras que não são nada fáceis de quebrar. Como os diamantes, polidos somos capazes de ousar mais, querer mais e deixar marcas em tudo o que tocamos. Eis o caminho para pavimentar o seu destino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário