quarta-feira, julho 18, 2007

A queda e o fim do abismo

Por vezes percebemo-nos caindo vertiginosamente no abismo. É como se a única lei que houvesse fosse a da gravidade, euclidiana, em direção ao centro da Terra. O fato é que nenhuma queda é infinita. Por maior que seja o abismo sempre haverá um fim. Não se conhece buraco no planeta que leve ao centro da Terra e, se para lá fôssemos levados, chegaríamos a um lugar mágico, tão cheio de energia quanto uma estrela. E o que é mais interessante: em gravidade zero, flutuaríamos no calor do magma planetário: no centro do planeta não poderia haver atração.

Portanto podemos dizer que para podermos voar é necessário visitar o interior da Terra ou subir para o espaço sideral. No entanto é sabido que nenhuma das duas opções tem ar para respirarmos, o que limita bastante o nosso movimento. É necessário visitar o abismo ou o céu com a mesma coragem de prender o ar que se tem ao mergulhar.

Não há caminhos fáceis para a elevação do espírito. Há quem ponha na meditação -- que podemos chamar de auto-consciência -- um caminho possível para viagens maiores. Há quem escolha sistemas místicos superiores, com estudos avançados e preparos demorados. Há ainda quem não faça nada além de ouvir a própria intuição para tomar as melhores decisões possíveis. Há outros que resolvem ter uma vida reta, controlando cuidadosamente todos os seus atos, pensamentos e palavras. Os caminhos são muitos, mas o objetivo é o mesmo.

Há quem pense que a tristeza, a ansiedade e a depressão seja um ciclo difícil de quebrar. Quem pensa assim de fato não conseguirá as asas que precisa para viajar em direção à felicidade. Muito melhor é entender que vivemos o que pensamos e obtemos o que vivemos. Ora, se obtemos o que pensamos, as asas para livrarmo-nos do abismo sempre estiveram conosco, apenas nunca soubemos utilizá-las.

Por outro lado, pode-se entender também que tais períodos sejam talvez necessários para o devido auto-conhecimento. Sabendo melhor as nossas fraquezas e forças, somos capazes de construir o que quisermos para sairmos do fundo do poço. Afinal, se há pedras no fundo, podemos empilhá-las e com elas construir uma escada. Se no fundo do abismo houver um rio, poderemos andar ao lado de sua margem até sairmos do vale tenebroso das sombras, sempre bebendo de sua água. Para entendermos a luz, precisamos da escuridão para encontrarmo-nos conosco. E é a partir desse encontro que nos saberemos livres para voar em qualquer direção.

2 comentários:

Yuri Messias disse...

"Sabendo melhor as nossas fraquezas e forças, somos capazes de construir o que quisermos para sairmos do fundo do poço. Afinal, se há pedras no fundo, podemos empilhá-las e com elas construir uma escada. Se no fundo do abismo houver um rio, poderemos andar ao lado do rio até sairmos do vale tenebroso das sombras, sempre bebendo de sua água".

Muito bom meu irmão!!
Deixo para você os meus parabéns e o meu T.'.F.'.A.'. !!!

Anônimo disse...

O que lamentamos é que as pessoas buscam constantemente ideais que são casos de sucesso carimbados na mídia: o casamento sem conflitos e perfeito; o amor romântico e exclusivo; o céu azul e sem nuvens; palavras sinceras e sem predicados oportunistas. Assim, sem que percebam, não acham o fim do abismo, pois, na verdade, não sabem o limite de si mesmas; do que se é, do que é o outro; do que se deseja, do que desejam os outros; sobre o que é fantasia e o que é realidade; o que é sonho e o que é capital.
Bjos,
Dany.