Ao passo que o destino traz saborosas surpresas -- como a maçã de Newton ou o elefante de pelúcia do filho de Doug Cutting -- o sábio e velho homem teve um momento lancinante. De sobressalto, percebeu que lembrara. A lembrança lhe causou uma imensa vontade de escrever sobre a lei e falar sobre ela. Deixar um derradeiro derramar de letras antes que a hora dobre em triste e tardo toque. E pôs-se a cifrar no ar e correr a buscar um bloco de notas, qualquer coisa que lhe servisse naquele momento.
O impulso de andar levou a alma para cima e sentiu-se jovem novamente. Era como se a missão tivesse de ser cumprida. E sua mulher, receosa das peripécias do idoso marido, preocupou-se com os seus anseios e se aproximou rápido o suficiente para ver que o seu marido tropeçar no ar, mãos, canetas e papel ao vento. E estatelou-se no chão.
Ele não se lembra muito bem do que aconteceu depois. Talvez achasse estranho, mas partiu para uma casa muito bonita em um lugar especial, parecido com o lugar que ele sempre sonhara. O desejo realizado? Mas se encontrava só. E ao olhar para um lago próximo, notou na água que podia ver a sua esposa chorando e amando, velando por sua morte. Num terno desespero, lembrou sobre a lei principal, a verdadeira lei: o Amor. O amor, que preenche de atração as moléculas da vida, química e alquimia do mistério do universo: o que decide o que se atrai e o que separa? O que escolhe onde vai estar o vazio ou as estrelas? O que atrai as galáxias, senão uma força de atração que deixa a tudo junto e que ao mesmo tempo repulsa, criando a órbita e a eterna dança das estrelas. Eis a Lei mais antiga que se conhece, pois é fruto de uma divina metáfora: só o amor é capaz de gerar o novo. A lei?
O amor sob vontade e inteligência.