segunda-feira, setembro 25, 2006

A gravidade da atenção

Quando George W. Bush foi reeleito, houve ainda alguns entraves nas decisões de alguns estados americanos. Quiseram verificar e, de fato, as diferenças eram mesmo muito poucas. Isso porque, na verdade, os dois candidatos eram muito parecidos. John Kerry, o democrata do pleito, estudou com Bush em Yale. Inclusive frequentaram, em anos diferentes, a fraternidade Skull and Bones daquela universidade, considerada por muitos como uma sociedade secreta. No debate, o que se viu foi um Kerry quase que concordando com Bush em quase tudo. A decisão foi favorável a Bush, ainda que voto a voto, dada a semelhança entre os candidatos.

Já naquela época já se questionava muito a reeleição americana. É comum um presidente se reeleger. Esse sistema presidencialista (curiosamente adotado com força apenas nas Américas), ao aceitar um presidente em exercício de seu mandato como candidato torna qualquer adversário menos importante. O atual está fazendo o seu trabalho e tem a atenção da mídia e do público em geral, além de fazer campanha. O concorrente está apenas fazendo campanha, e tentando convencer o público de que o presidente atual - trabalhando - deve ser demitido.

O povo não demite. No Brasil temos situação parecida. Ainda que diversos escândalos estejam hoje recebendo a devida atenção de todos os jornais e revistas, o nosso povo, ainda desatento aos fatos, não transforma as informações que recebe em decisões de voto. Isso porque o governo atual teve a sua fase positiva no começo do mandato. Os escândalos ao final de tudo é que tornam a disputa mais apimentada. Mas o que é, afinal, uma disputa apimentada?

Sim, porque ao se analisar o fenômeno da atração dos olhares e ouvidos dos indivíduos, tem-se que a atenção é direcionada pelas pautas habituais, gerando atitudes e palavras retransmitidas e encaminhadas aos pares, transformando-se pelo caminho.

Não por acaso a notícia de um vídeo envolvendo atrizes em situações constrangedoras são capazes até mesmo de tirar a atenção da política, transformando os debates públicos em meras considerações sobre aventuras amorosas aleatórias de baixa probabilidade. E o que importa?

As decisões, diante da atenção direcionada a tantos pontos diferentes no tempo, acabam sendo tomadas por impulso. Escolhe-se um presidente como quem escolhe a cor de uma parede, sem maior análise ou considerações de qualquer nível de detalhe. Enfiar os pés pelas mãos não é nada impossível.

A atração dos olhares e das mentes requer somente a satisfação tenaz do curto tempo do discurso. A decisão, fragmentada, acaba sendo tomada num fragmento de segundo, no curto espaço de tempo em que a razão encontra a emoção. O resultado final de nossas próprias escolhas, só quem viver saberá. Saborear a ternura do destino é necessário, ainda que impreciso.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Menino de Deus

No teu passo passei horas imaginando,
mesmo depois de ter passado horas
e não ver o tempo passando.
Coisa indecifrável essa que sobe à pele
e faz arriscar o homem e sorrir a mulher
por uma intensidade de momentos
e movimentos.

Teu compasso traça círculos de idéias
que fecham com as minhas linhas retas
um amor de imensurável
geometria.
Sou teu pedaço de centelha e ilumino
os teus olhos pois do amor que padeço
por você torna-me só um menino.

terça-feira, setembro 12, 2006

Aforismos afora

Estranho é um destino sem livre-arbítrio.

A gravidade do problema

O mundo está em guerra. Além das vontades, o que mais explicaria esse movimento em direção ao homicídio contínuo? Aparentemente há uma doença no tecido social que, vez por outra, coloca os homens contra eles mesmos, gerando a desarmonia e um enorme consumo de recursos.

A indústria da guerra é conhecida. Seus produtos, de alta qualidade, servem à morte de uns e à vida de outros. Não é fácil compreender essa dinâmica sem entender o mundo e as regras de atração. As regras de atração não são facilmente explicáveis apenas por oferta e demanda. Mais do que isso, há as vontades e doutrinas que determinam ações a serem tomadas.

Analisando os conflitos atuais, vemos alguns fatores curiosos. Um deles é que a maior região em disputa hoje no mundo, o Oriente Médio, é um lugar árido, deserto. Ainda assim foi o berço da civilização. Num momento em que a água era considerada o sangue que permitia a vida das comunidades, as civilizações às margens dos rios passou a desenvolver regras e linguagem, necessárias para a convivência.

Viver com o outro, no entanto, não é nada fácil. Havia os nômades e todas as formas de tribo que, já naquela época, disputavam territórios para poderem sobreviver. Isto é: eram atraídas para um mesmo lugar, o que gerava a disputa por um recurso.

Da mesma forma, a região da costa leste do mediterrâneo não poderia ser diferente. Ali sempre houve a disputa pela água, desde os antigos tempos. Hoje, além da disputa pela água há a atração da atenção para as disputas ideológicas. O Deus, sabemos, é o mesmo. A diferença entre os povos é tão-somente causada pela doença do desconhecimento de nós mesmos e do mundo que ocupamos.

Isso porque não há distinção entre a cor do sangue de um ou de outro. A diferença reside somente no pensamento, algo absolutamente intangível e inexistente no equilíbrio da fauna e da flora da natureza. Seremos nós antinaturais?

Talvez. Mas a lei de ação e reação não existe apenas como regra do movimento, daí a contínua alternância dos conflitos e das catástrofes climáticas associadas à nossa ação no espaço que possuímos.

A solução residirá na contínua educação dos povos no sentido de ensinar a todos que só há um único planeta para residirmos em nossas cercanias. Não é possível destruí-lo por puro egoísmo de um homem ou de outro, sob pena de todos nós cessarmos de existir.

Há de haver nos corações e mentes o brilho da compreensão do mundo e de nós mesmos. Caso contrário, maior será a gravidade do problema.

domingo, setembro 03, 2006

Para o meio para mais

Somos vivos e a consciência aqui veio
para tornarmo-nos capazes de ir além.
Nossos corpos atraídos para o meio
e nossa alma, para ir para o alto
deve orientar o corpo
para o bem.

No meio de nossos corpos há a força
da geração que perpetua a vida.
E a atração dos corpos deste mundo
é pelo meio, pelo centro, simetria

O amor tem, como a matéria, gravidade:
faz atrair os corpos separados
pelo meio, unindo opostas voltagens
para gerar eletricidade.

Somos seres brilhantes de uma espécie
de experiências especiais.
E se optarmos pelo caminho do meio
vamos mais.