quinta-feira, julho 27, 2006

Eclesiastes 12:1-8

Com afinco, persistência
energia e temperança,
com a dança da ciência
e o brilho das estrelas,
com assaz perseverança
e fidelidade à humanidade
sou assim uma criança
que vislumbra o mundo todo
como uma grande bola, imensa
de duro chão feito de lodo.

Quem assim fez, assim quis
e eu aqui só observo
como um atento aprendiz
e um humilde servo
as belezas do Universo.

Vaidade não nos eleva:
sempre temos pés no chão,
pois a Terra tudo atrai.
Não aprender o que é a treva
é não enxergar a imensidão
do pálio acima das cabeças.
A vaidade a tudo trai.
Da vaidade que se esqueça!

segunda-feira, julho 24, 2006

O tempo humano

Ouço a música e o tempo que me bate
é o que calcula o coração.
Como o tempo de sonhar-te
noite aberta e brilho intenso
nesses olhos-diamantes.

Para iluminar como o fazer da luz
que horas antes do segundo inicial
sequer existia.

Um segundo, aliás
é o tempo dos átrios e ventrículos
e não o do relógio de césio
porque o tempo para quem vive
não é calculado pelos átomos
e sim pela velocidade do líquido
que dentro de nós
circula.

Por isso circulam os amores
a girar em pares, orbitando
os corações coagidos
à arte de perpetuar.

terça-feira, julho 18, 2006

A gravidade das massas de capital

Sabe-se que a massa atrai massa no vácuo, daí a suspensão eterna dos planetas ao redor de uma estrela e a confluência das galáxias em espiral convergindo para um buraco negro.

O fato é que a tendência da atração das massas pode ser também sentida no que se refere às atenções humanas e à renda.

Não por acaso a humanidade, desde a criação de seus centros financeiros por volta do século XIII com os bancos dos templários, tem optado por acumular renda ao redor de quem já a possui.

No passado a Igreja Católica era dona de grande parte das terras do mundo. Isso fez com que ela se tornasse poderosa não apenas ideologicamente, como também financeiramente. Tal poderio a permitiu montar uma estrutura que a mantivesse ao longo de tantos séculos com os seus fiéis seguidores.

No mundo moderno a gravidade da renda pode ser sentida ao se analisar as grandes riquezas do mundo. É improvável que os homens mais ricos percam suas massas de capital. A estrutura financeira permite que quem já possui uma alta renda possa continuar aumentando o seu volume a partir de instrumentos financeiros.

A acumulação da renda em torno de um grupo ou de indivíduos torna possível a criação de novos negócios que irão, consequentemente, atrair mais renda e mais pessoas ao redor de seus produtos.

Ao longo do tempo quem detém a renda terá cada vez mais poder. Assim como a massa de capital existente permite a aceleração a partir dos juros e dos ganhos de capital, sabe-se que força gravitacional pode ser interpretada pela fórmula massa vezes aceleração.

Daí podermos dizer que a Força do Capital é igual ao montante do capital gravitacional vezes a aceleração da renda expressa como uma fração mais 1.

Assim definimos que FC = Cg x (1 + ar) x Tg.

A unidade final encontrada é monetária vezes o tempo. Dinheiro-tempo não deixa de ser uma licença poética à máxima que diz que "Tempo é dinheiro". Na verdade essa frase é incompleta no que tange à gravidade da renda: o dinheiro é acelerado no tempo, um princípio aplicado à economia da relatividade a partir de Einstein: o tempo é a quarta dimensão enquanto o dinheiro é uma forma abstrata de definir valor de algo sólido, que tem lá as suas três dimensões sob o formato de um produto específico ou no formato de um ou mais homens quando se refere a um serviço.

Na verdade a teoria da gravidade do capital que me proponho a escrever sobre dá conta de que a renda só poderia ser dispersa de forma mais igualitária pelo mundo a partir de ações anti-gravitacionais da renda. No entanto a anti-gravidade não parece ser a regra entre os seres vivos que, oportunamente, dependem da gravidade para sobreviver.

A atração dos corpos em direção ao centro do planeta, bem como a adaptabilidade às condições de pressão e temperatura é que permite aos seres o equilíbrio da vida. No entanto, ao que parece, a gravidade exerce influência não apenas na nossa atração que nos permite viver na superfície do planeta, como também na forma que escolhemos de permitir a atração da renda nos pontos onde ela se concentra.

Temos aí talvez a explicação dos moldes do tipo de gravidade. Em nossa galáxia, um buraco negro a converge para uma espiral que vai sendo reduzida proporcionalmente ao número áureo. Da mesma forma, a água desce pelo ralo sempre em espiral. As plantas crescem formando essa mesma espiral. Tal forma descende diretamente da gravidade expressa (e inscrita) em nossa galáxia. E somos resultados desse mesmo equilíbrio gravitacional que a nossa galáxia nos permite. Daí a proporção áurea estar em toda parte, inclusive nos padrões de acumulação de renda ao longo do tempo.

sexta-feira, julho 14, 2006

Abismo

Quem cai num abismo, ao olhar para cima, consegue ver a luz. Você pode ser atraído para baixo, não só pela gravidade, mas pela vertigem, sua irmã menor.

É natural querer ver a luz depois de cair. Quisera o Criador que todas as suas criaturas pudessem iluminar-se antes da queda. Uma pena não ser tão fácil compreender alguma coisa até que somos desprovidos dela.

A regra básica de atração dos corpos, dos átomos, das moléculas em direção ao centro ainda é a forma que encontramos para entender e viver nesse mundo. Seja pelo centro do peito no amor ou para o centro da terra para firmarmos os pés, conhecer o nosso centro de gravidade é essencial para compreendermos a nossa própria natureza.

quarta-feira, julho 12, 2006

Atração fugaz

Não é que ele gostava dela. Ele a orbitava, como um pequeno asteróide em volta de uma estrela. Ela, típico fruto das fusões nucleares, brilhava intensamente, atraindo para si todos os planetas ao seu redor.

Modesto, o asteróide compreende a beleza do Sol e sente a sua atração, mas não chama a atenção por seus anéis ou pela quantidade de luas. Talvez por isso mesmo ela decidiu que queria para si uma pedrinha espacial como ele.

Casaram-se e meses depois o asteróide cansou-se de orbitar a sua estrela. Ela era orgulhosa de seu marido, pois o tinha ali, próximo o suficiente. Mas sabia que, se ele se aproximasse muito dela, ela poderia destruí-lo em mil pedaços. Mantiveram uma distância saudável dentro do casamento. Se isso os impedia de amar em sua plenitude, ao menos promovia uma relação equilibrada em suas forças.

Acontece que o asteróide já não mais sentia-se atraído pela estrela. Ela brilhava demais e continuava exercendo sua força sobre os planetas. Ele, no entanto, não consegui apaixonar-se por mais ninguém, até que apareceu a cometa em sua vida.

A cometa se movia por toda a galáxia. Dava voltas e voltas, via sistemas solares diferentes, conhecia outras formas de vida. Era diferente. Não se deixava levar pela atração de uma estrela apenas. Vez ou outra ouvia-se dizer de um cometa que explodia em um planeta ou em uma estrela. Eram casos raros, mas o fato é que, nessas situações, a cometa é muito mais fiel, pois atrai-se por apenas um só corpo estelar, e não atrai todos que estão ao seu redor.

Fato é que essa cometa, um belo dia, abalroou o asteróide, levando-o consigo para longe pelo universo. Muito além da estrela. Levou-o para conhecer o mundo, mostrou para ele um lado que ele não conhecia. Por orbitar por muito tempo aquela estrela, seu coração estava ainda despreparado para tanta emoção. Por isso o casamento acabou. A cometa mostrou a ele um amor que ele antes desconhecia, sobretudo pela alta velocidade de suas viagens.

A estrela, acompanhada de seus planetas mas sentindo-se mais solitária, anseia hoje por um casamento com um planeta, um tanto mais estável em sua órbita. As aventuras poderão não ser as mesmas, mas ela poderá continuar brilhando e exercendo a atração fugaz sobre o seu sistema que lhe é peculiar.

terça-feira, julho 11, 2006

Atrai

Seus olhos são negros buracos:
ao seu redor, a tudo seduz
atrai o olhar de fortes e fracos
até a luz traga e traduz
na luz negra, éter do universo.
Deus tudo fez num único verso:
faça-se a luz entre tanta treva
Eram negros os olhos de Eva
Seus pensamentos, iluminados.
Sou um cometa a transitar pela galáxia
que você atrai como água pelo ralo
e se você engolir tudo o que existe
eu me calo.

segunda-feira, julho 10, 2006

Do trânsito das idéias

Meu pensamento voou e eu o vi, amarelo
brilhante, indo para longe de seu dono.
Idéia solta não é um abandono.

Nas arenas de debates boas idéias se perdem
alheias ao que se poderia experimentar se vigorassem.
O que vigora é o comum e não o bom senso.

Tem quem tenha boa vontade e más idéias
São construtores de edifícios de papel
que pouco sabem sobre as leis da gravidade.

Quem conhece tais leis não se apequena:
edifícios duradouros são erguidos
com a força que detêm no pensamento

O despencar de idéias ruins acumuladas
é da altura das expectativas inseridas
nas mentes dos que as levaram a sério.

Quem tem só boas idéias e vontade
sem o amor, preciso e necessário,
navega pelos mares em desvario.

E quem carrega a Arte em seu peito
não se perde, nem se acha sem defeito
e faz a Terra chegar mais perto do Céu.

sexta-feira, julho 07, 2006

Aforismo afora

Tirar de si o ego é contaminar a alma com abundância.

Remover o desejo é desejar o possível.

Quem deseja a beleza do possível e sonha com a força do impossível alcançará a sabedoria de ambos.

A gravidade das idéias

Às vezes me perguntam de onde tiro as minhas idéias. E eu não tenho a menor idéia.

Poemas muitas vezes saltam inteiros da minha cabeça. Como imagens. Às vezes palavras soltas, ao léu, que vão se juntando. Eu tento capturar algumas e transformá-las em alguma coisas minimamente aproveitável.

Fato é que, às vezes, passo por "brancos criativos". Normalmente acontece quando eu paro de criar e tento fazer outras coisas. Nessas fases, perco a criatividade por não utilizá-la. O exercício de insights é primordial para que os brancos não se prolonguem.

As idéias bem encadeadas tem como característica física a gravidade. Boas idéias atraem boas idéias e tê-las numa sequência razoável favorece a carreira, a vida, o amor e a arte.

O que seria do mundo sem o gênio criativo de um Da Vinci, de um Déscartes, de um Mozart, se eles não se dedicassem por horas à geometria, à pintura e ao simbolismo, além de suas atividades principais de arquiteto, filósofo e músico.

A criatividade advém de uma série de fatores. A multidisciplinaridade é um deles. Outro poderia ser a capacidade de criar referências na memória. É um exercício simples que qualquer um pode fazer. Basta associar uma idéia a outra que ela fica guardada para sempre. Mais tarde poderá servir para se criar algo de novo. Nunca se sabe. Idéia demais nunca é de menos.

Choque

- Vou encontrar você quando você estiver o mais próximo possível, isto é, dentro de mim.

Com essas palavras ela se despediu. Ainda não se conheciam plenamente, mas já havia a vontade de escalar paredes, de se deixar levar por uma onda de loucuras. Horas e horas.

- E eu vou olhar nos seus olhos quando você sentir aquele choque elétrico dos amantes.

E um beijo mais intenso foi compartilhado. Ela saiu e entrou em casa. Ele partiu com o seu carro. A cabeça em devaneios mil. Imagens de calor e paixão, cheiros e calores, textura da pele. Tudo convergindo numa grande tela, um painel colorido. Talvez algo entre Da Vinci e Pollock, um sorriso abstrato aqui, um monte de tinta ali e, no final, apenas o êxtase dos que vêem as obras de arte faz sentido.

Ouvia Vinícius e, em determinado momento, uma frase especial: "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". Imaginou o amor como um misto de encontro e desencontro em seus movimentos. Como numa dança em que os pares juntam-se e soltam-se para compor os mais sutis movimentos.

E foi assim que ele a encontrou novamente.

Dançaram juntos a noite inteira. Exaustos, foram dormir juntos. E acordaram de madrugada para escrever um roteiro a dois. A história que criaram era recheada de suspense. Era como se quisessem estender o clímax o máximo possível. No final, a grande revelação surgiu na forma de prazer. O mundo parecia compreender aquele roteiro, afinal o mundo que conhecemos - com suas linguagens e desvarios - só é possível graças ao amor que nossos antepassados fizeram. O mesmo amor que fez com que ela dissesse algo que lhe custa muito. Algo que fez com que ambos sentissem o choque elétrico que o cosmos nos reserva como prêmio pela perpetuação da vida. Tudo porque ela disse:

- Eu te amo.

quarta-feira, julho 05, 2006

Discussão de um amor que não se sabe ou saboreia

Derradeiro berro
num rasteiro erro
desacerto espero
e consertar eu quero
desconserto avisto
até palavras tenho
e vigoroso empenho
pois amor eu quero
só não sei o que é isto.


Só não sei o que é isto
pois amor eu quero
e vigoroso empenho
até palavras tenho
desconserto avisto
e consertar eu quero
desacerto espero
num rasteiro erro
derradeiro berro!

As regras de atração

Esse blog trata das regras de atração. Dos nuances das paixões e dos sutis desapegos. Da incrível acumulação das massas de renda. Das regras da dispersão de renda por caridade. E de todas as formas, cores, cheiros, toques e sabores do amor, a atividade-fim pela qual devemos a nossa existência.

O tema é amplo, de fato. Mas como Newton já teria dito, os corpos atraem-se graças à gravidade. E a gravidade dos temas possíveis de se criar a partir da arte do encontro da humanidade (e de seu desencontro) só poderá ser pura se atrair os seus olhos, leitor. Convido-o a participar de uma dança de idéias criativas. Meta-se por entre as letras e seja bem vindo.